O trekking ao acampamento base do Monte Everest é um dos mais deslumbrantes do planeta. Se você tem o desejo de vivenciar uma das aventuras mais épicas e desafiadoras do mundo, veja as dicas para se preparar adequadamente.
O acampamento base do Everest (ou Everest Base Camp) é um destino cobiçado por aventureiros e montanhistas de todo o mundo, oferecendo uma experiência única e inesquecível. No entanto, para garantir uma jornada segura e bem-sucedida até o coração da majestosa cordilheira do Himalaia, é fundamental se preparar adequadamente.
Completei os 13 dias de caminhada em abril de 2023 e compartilho aqui todos os detalhes para que você possa se preparar da melhor forma possível para essa jornada inesquecível.
Com a preparação certa e o apoio adequado, é possível embarcar nessa experiência incrível e se conectar com a grandiosidade da natureza no topo do mundo.
Para ajudar nessa preparação, compilei as dúvidas que tive antes da expedição e as perguntas que recebi de seguidores que acompanharam minha jornada em direção ao acampamento base do Everest. Aqui estão algumas dicas e informações importantes para auxiliar na sua preparação:
Você vai ler neste post:
Como chegar ao acampamento base do Everest?
A viagem partindo do Brasil até o destino final é bastante extensa. O percurso mais comum e rápido para chegar a Katmandu é através de voos que saem de São Paulo, com escalas em Qatar ou Dubai, operados pelas companhias aéreas Qatar e Emirates. Os bilhetes para esses voos geralmente têm uma faixa de preço média entre US$ 1.500 e US$2.000.
Para iniciar a caminhada, é necessário pegar um voo ou helicóptero de Katmandu para Lukla (esse transporte já está incluso no pacote da Grade 6). O voo é realizado em uma aeronave bimotora com duração de aproximadamente 50 minutos, partindo da capital do Nepal.
Após o emocionante desembarque em Lukla (aeroporto considerado o mais perigoso do mundo) inicia-se a caminhada. Saindo de Lukla, são 130 km de distância realizados em nove dias de caminhada para chegar ao acampamento base do Everest.
Quem leva para o acampamento base do Everest?
Os trekkings no Nepal passaram a exigir guias desde abril de 2023, uma nova medida implementada pelo governo nepalês. Anteriormente, era possível fazer as trilhas de forma independente. Agora, é obrigatório contratar agências brasileiras ou operadoras nepalesas para explorar as inúmeras trilhas do Himalaia nepalês. Muitos viajantes em busca de economia optam por contratar operadoras locais para suas aventuras, mas é importante lembrar que o mais barato pode sair caro.
Optei por escolher a agência Grade 6 por ser a única operadora brasileira a oferecer serviços até o cume do Everest. Eles são especialistas na região. O proprietário da agência, Carlos Santalena, já alcançou o cume três vezes e é uma pessoa excepcional.
Escolhemos uma guia extraordinária, Aretha Duarte, primeira mulher negra latino-americana a conquistar o cume do Everest. Nosso grupo, em sua maioria feminino, alcançou 100% o campo base, um feito notável, já que normalmente cerca de 10% das pessoas que fazem o trekking precisam desistir antes de chegar ao destino final.
Como se preparar para chegar ao acampamento base do Everest?
Considero o trekking de dificuldade moderada/avançada. Não há dificuldades técnicas em termos de escalada ou rochedos. Você só precisa levar uma mochila de ataque leve ao longo da trilha e as noites são em lodges. Porém, a combinação de muitos dias de caminhada, altitude e frio é desafiadora.
São 13 dias de caminhada. Todos os dias são cerca de seis a nove horas de atividade, em média, e não há dia de descanso. O trajeto tem 130km no total. Porém, é importante frisar que a referência de quilometragem e distância na altitude não é usada.
Explico o porque: uma coisa é andar 10 km por dia no nível do mar, outra é acima dos 3 mil metros. O ritmo fica cada vez mais lento, a respiração mais difícil. Para você ter uma ideia, acima dos 5 mil metros nós levamos, em média, 3 a 4 horas de caminhada para andar 3 km! Além disso, não há muito tempo para descanso no trajeto já que se parar, o frio pega. Ou seja, na altitude o nível de dificuldade se mede por tempo de caminhada mais a altimetria alcançada.
O trekking ao acampamento base do Everest é um roteiro indicado para a primeira experiência em altitude já que a aclimatação é feita de maneira gradual. São 13 dias de caminhada. Destes, nove dias são para chegar ao acampamento base. Ou seja, a subida é lenta para dar tempo do corpo se adaptar ao ganho de altitude.
Precisa ter condicionamento físico?
O trekking ao acampamento base do Everest é uma jornada desafiadora e exige um bom condicionamento físico. É recomendado realizar treinamento cardiovascular e exercícios de resistência, como caminhadas longas, corrida, ciclismo e escalada.
Além disso, fortalecer os músculos das pernas e do core é importante para lidar com terrenos acidentados e íngremes. Veja algumas dicas:
Consulte um médico
Antes de iniciar qualquer atividade física intensa, é fundamental consultar um médico para garantir que você esteja em boas condições de saúde. Eles podem avaliar sua aptidão física e fornecer orientações específicas para a sua preparação.
Treinamento em altitude
O acampamento base do Everest está localizado em uma altitude elevada, o que significa que você estará exposto a condições de hipoxia (baixo teor de oxigênio). Se possível, considere realizar treinamentos em altitude antes da viagem, como caminhadas em montanhas ou a utilização de câmaras hipobáricas.
Isso ajudará seu corpo a se adaptar melhor às condições de altitude durante o trekking. Porém, ele também é reconhecido por ser um trekking ideal para quem vai ter a primeira experiência na altitude, já que a aclimatação é feita de maneira gradual.
Equipamentos adequados
Certifique-se de ter o equipamento adequado para o trekking, incluindo botas de caminhada resistentes e confortáveis, roupas em camadas para se adaptar às mudanças de temperatura, jaqueta impermeável, luvas, gorro, óculos de sol, mochila resistente, saco de dormir adequado para baixas temperaturas, medicamentos de altitude, entre outros.
Esteja preparado para as condições climáticas
O clima na região do Everest é extremamente variável e pode mudar rapidamente. Esteja preparado para enfrentar temperaturas frias, ventos fortes e possíveis precipitações. Verifique a previsão do tempo antes da viagem e esteja equipado para lidar com diferentes cenários climáticos.
Alimentação adequada
Durante o trekking, é importante manter uma alimentação balanceada e rica em nutrientes. Leve lanches energéticos, barras de proteína, frutas secas e alimentos leves que sejam fáceis de transportar e forneçam energia suficiente para as caminhadas.
Lembre-se de que o trekking ao acampamento base do Everest é uma jornada desafiadora, mas também uma experiência incrível. Esteja preparado fisicamente e mentalmente, siga as orientações dos guias locais e aproveite ao máximo essa aventura única. 🙂
Qual a melhor época do ano para escalar o Everest?
A melhor época do ano para escalar o Everest é a partir da segunda quinzena de março até maio ou a partir da segunda quinzena de setembro até novembro. A vantagem de ir no mês de abril e maio é que esse é o mesmo período das expedições ao cume. Por isso, você vai ver o acampamento base montado e em pleno funcionamento quando chegar lá.
Se você fizer o roteiro com a Grade 6, como eu fiz, terá a chance de pernoitar no acampamento base. A agência é referência no destino e a única operadora brasileira a levar expedicionários até o cume. Portanto, também é a única com a permissão de ter um acampamento montado por lá.
Roteiro até o Everest Base Camp (EBC)
O roteiro do Trekking para o Everest Base Camp (EBC) abrange normalmente 18 dias de viagem, considerando a partida do Brasil até o retorno. No entanto, é altamente recomendado que você reserve pelo menos 20 a 22 dias para esse roteiro.
Dessa forma, você tem tempo suficiente para descansar da longa viagem até o Nepal e se adaptar ao fuso horário antes de iniciar a caminhada. Além disso, ao ter alguns dias extras, você terá uma margem de segurança em caso de imprevistos relacionados às condições climáticas em Lukla, evitando assim a perda do seu voo internacional de volta. Veja a seguir uma tabela com o roteiro dia a dia:
Dia | Local | Altitude | Atividades |
---|---|---|---|
1 | Katmandu | 1.400m | Chegada em Katmandu, exploração da cidade, reunião de briefing e jantar |
2 | Katmandu | 1.400m | Passeio pela cidade, visita ao Templo Pashupatinath e Buddha Stupa |
3 | Katmandu, Lukla e Monjo | 2.800m | Voo para Lukla, caminhada até o vilarejo de Monjo (17 km) |
4 | Monjo e Namche Bazar | 3.400m | Caminhada até Namche Bazar (7 km) |
5 | Namche Bazar, Everest View e Namche Bazar | 3.900m | Caminhada de aclimatação até o Everest View (4 km) |
6 | Namche Bazar e Tengboche | 3.900m | Caminhada até Tengboche (seis horas) |
7 | Tengboche e Dingboche | 4.410m | Caminhada até Dingboche (11 km) |
8 | Dingboche | 5.050m | Dia de aclimatação em Dingboche a 5.050m |
9 | Dingboche e Lobuche | 4.940m | Caminhada até Lobuche (8 km) |
10 | Lobuche e Gorak Shep | 5.164m | Caminhada até o acampamento base do Everest |
11 | Gorak Shep, Kala Patthar e Everest Base Camp (EBC) | 5.600m ou 5.364m | Caminhada até o topo de Kala Patthar (5.545m) e acampamento base do Everest |
12 | EBC e Pheriche | 4.371m | Caminhada de volta a Pheriche (sete horas) |
13 | Pheriche e Namche Bazar | 3.400m | Caminhada de volta a Namche Bazar |
14 | Namche Bazar e Ghat | 2.800m | Caminhada até Ghat |
15 | Ghat e Lukla | 2.800m | Último dia de caminhada (duas horas até chegar em Lukla) |
16 | Lukla e Katmandu | 1.400m | Voo de volta para Katmandu |
17 | Katmandu | 1.400m | Dia livre em Katmandu |
18 | Katmanduv | 1.400m | Dia livre em Katmandu |
19 | Katmandu | 1.400m | Retorno ao Brasil |
Dicas cruciais
Abaixo tem um resumo para as dúvidas mais frequentes de quem vai fazer o acampamento base do Everest. Anote tudo:
Idioma
O idioma é algo importante a ser considerado. No Nepal se fala nepali, poucos falam inglês. Muitas pessoas decidem fazer o EBC com operadoras locais por ser mais barato. No entanto, o idioma pode se tornar uma barreira, especialmente nos momentos de perrengue.
Minha dica então é: vá com um guia brasileiro que vai poder te auxiliar em todas as questões que surgirem durante o percurso.
Visto para o Nepal
É realizado na chegada ao país, com duração de 15 a 30 dias e um valor de, mais ou menos 40 dólares. Tem também a opção de pedir online, caso queira evitar fila.
Moeda local e média dos gastos
A modela local é a rúpia nepalesa. Considerando que a maior parte da viagem já está paga, o dinheiro da trilha é para coisas como caixinha dos carregadores, rolo de papel higiênico, água (que não é nada barata, custa cerca de R$ 10,00). Por isso, o ideal é levar pelo menos US$ 400 na trilha. Você pode levar euro ou dólar e trocar pela moeda local.
Hospedagens na trilha
Até Namche Bazar, tem ótimas opções. Muitos lodges charmosos e ainda com o “luxo” de banheiro dentro do quarto. Depois, quanto mais se sobe, mais precária fica a infraestrutura.
Os quartos são duplos, simples e sem aquecimento. Ao mesmo tempo, vai ficando cada vez mais frio. A saída é descansar nos próprios sacos de dormir. O único lugar com calefação nessas hospedagens são os espaços em comum.
Veja as opções de hospedagens nos arredores do Everest.
Alimentação
A alimentação, no geral, é muito boa. O café da manhã tem opções como ovo mexido, panqueca, pão com queijo, café, chá de menta, pipoca, entre outros. Já no almoço, as opções comuns são o arroz frito, prato típico da Ásia, macarrão instantâneo, vegetais e, em alguns lugares, um frango bem feito.
O jantar segue a linha do almoço. Há também os pratos nepalis, baseados em lentilhas. Alguns lugares servem hambúrguer e pizza. Assim como em relação à hospedagem, até Namche Bazar as opções são variadas e há restaurantes ótimos. Depois, vai ficando mais limitado.
Importante lembrar que a cultura nepali é basicamente vegetariana. Eles não comem carne vermelha e a proteína costuma ser o ovo. E é preciso ter cuidado com proteínas como o frango, pois são levadas pelos carregadores até os locais mais altos, o que pode ser demorado.
O que levar de comida
Basicamente, o que você quiser comer fora das refeições principais, que já são oferecidas pela Grade 6. Eu levei pasta de amendoim, amendoim, barrinha de cereal e outros lanchinhos para os momentos de caminhada.
Água
Leve um clorin para limpar a água de degelo e sais minerais para enriquecê-la. Isso ajuda a regular o intestino e a hidratar melhor. Também há a opção de ir comprando garrafas de água ao longo da trilha. Porém, lembre-se de que é preciso beber cerca de 5L por dia e cada garrafinha custa uns R$ 10,00. Além de ser um lixo a mais para você carregar até a volta.
Banho e banheiro
Até Namche Bazar, há a chance de um banheiro com chuveiro no quarto. Nos outros dias, é compartilhado e todo mundo do lodge usa o mesmo local. Também é preciso pagar cerca de 10 dólares pelo banho.
A dica é levar lenços umedecidos e papel higiênico para usar durante a trilha, já que a maioria dos banheiros não tem. E, claro, leve um saquinho para colocar os papéis usados.
Mochilas
As bolsas mais pesadas são levadas pelos carregadores e podem pesar no máximo 15 kg, pois eles carregam tudo nas costas. Já os trekker carregam apenas a mochila de ataque com os itens necessários para aquele dia de trilha, como jaqueta, luva, gorro, de três a quatro litros de água, lanche, passaporte e etc.
Carregadores / Sherpas
Não é nada confortável ver os carregadores nas trilhas com quilos e mais quilos de carga nas costas. Porém, não há muitas opções no trekking Everest. Isso porque o Nepal tem um sistema de castas. No caso da região do Everest, há duas etnias que trabalham para as expedições: Os sherpas, que atuam como guias locais e ganham um salário digno para isso e, dentro da sua sociedade, estão em alto nível econômico e social.
Já os carregadores são, em sua maioria, da etnia Tamang e Rai. Sua casta está acostumada com altas cargas, estão sempre disponíveis para servir as castas mais altas. Dentro deste sistema, infelizmente os tamang e os rai viverão assim pelo resto da vida, com baixos salários.
Lixo na trilha
As trilhas são limpas e o maior responsável por isso é o projeto Sagarmatha Next, patrocinado pela empresa Dell, junto a iniciativas estrangeiras e locais, para controlar os resíduos no Everest. Uma das consequências do turismo em massa é a alta produção de lixo. A solução encontrada é que cada trekker, além de carregar seu próprio lixo, volte com 1kg de resíduos até Lukla, a fim de dar o destino correto e manter a trilha limpa.
Internet, eletricidade e chip de celular Nepal
A partir de Namche, também se paga cerca de US$ 10 pelo carregamento de celular. Eu levei dois Power Banks cheios. Porém, quanto mais frio fica, mais difícil de carregar e manter a carga no aparelho. Deixe eles sempre em algum lugar quente para preservar a bateria.
Dica: Escolhi o chip da America Chip que funcionou super bem até Namche Bazar. Veja nosso post de chip de celular para o Nepal para ler mais detalhes e garantir um cupom de desconto da America Chip.
Depois, independente do chip escolhido, o sinal vai oscilando até Tengboche, o último vilarejo com cobertura. A partir daí, é preciso comprar sinal de wi fi, pagando cerca de US$ 10.
No acampamento base, um chip de apenas 1 giga custa R$ 250. Ou seja, melhor deixar o celular de lado nesse dia.
Seguro viagem/resgate
O seguro viagem não está incluso no pacote da Grade 6 e é preciso contratar a parte. A operadora indicada é a Global Rescue, que dá a opção de pagamento no cartão de crédito. O valor gira em torno de 500 dólares e inclui o resgate de helicóptero. Não é barato e esperamos não precisar usar, mas é necessário para uma viagem tranquila.
O que alugar e o que comprar
Não é necessário levar saco de dormir, pois é possível alugar lá. No nosso caso, a Grade 6 emprestou sacos que suportavam até 20 graus negativos. Além de uma jaqueta de plumas que ajudou muito com o frio dos últimos dias.
Quanto custa
Com a Grade 6, nossa sugestão, a viagem sai por US$ 4 mil com tudo incluso, exceto as refeições em Katmandu, as passagens aéreas e o seguro resgate. Todas as expedições da Grade 6 incluem guia brasileiro. Nosso grupo teve a sorte de ser guiado pela Aretha Duarte. Outra vantagem é poder ir pagando nos dois anos anteriores à viagem.
Dúvidas frequentes:
O acampamento base do Everest sul tem altitude de 5.364 metros e o norte de 5.150 metros.
Primeiro é necessário pegar um voo ou helicóptero até Lukla. Depois, precisa fazer uma trilha de nove dias (130 km) para chegar até o acampamento base do Everest.
Para chegar até o acampamento base do Everest o investimento é cerca de US$ 4 mil (com quase tudo incluso). Se fizer, por exemplo, com a agência Grade 6, esse valor só não inclui refeições em Katmandu, passagens aéreas e seguro resgate.
A melhor época para escalar o Monte Everest é a partir da segunda quinzena de março até maio ou, então, depois da segunda quinzena de setembro até novembro.
É uma jornada de treze dias que exige condicionamento físico. A dificuldade do trekking é considerada moderada/avançada devido à altitude e bastante frio.
Até Namche Bazar há uma infraestrutura melhor de acomodação e comida, depois já vai ficando mais limitado. Mas a experiência vale a pena e as vistas são incríveis.
De Lukla até o acampamento base do Everest são 130 km de distância.