Arrisco-me a dizer que nove em cada dez viajantes sonham em um dia ver a Aurora Boreal. O destino mais almejado para essa experiência é quase sempre o extremo norte europeu. Mas não se engane: a aurora boreal no Canadá é igualmente bela!
Logo ao iniciar o planejamento da viagem e as pesquisas sobre esse fenômeno, a maioria das pessoas acabam adiando ou deixando o roteiro para trás – as distâncias são muito grandes para nós brasileiros, os preços não são nada atrativos e há pouca informação disponível.
A Aurora Boreal é um fenômeno visual que ocorre nas regiões polares no norte do planeta. Encontra-se entre os maiores espetáculos da natureza, com luzes de diferentes cores que dominam o céu durante os meses do inverno.
É quase imprevisível, pois depende de diversos fatores para sua aparição, como por exemplo: explosões solares (que acontecem ao acaso), isenção de nebulosidade e de interferência de luzes da cidade. Sendo assim, na prática, “caçar” a aurora boreal significa procurar uma região distante, escura e sem nuvens, portanto tenha paciência e, se possível, flexibilidade com a quantidade de dias despendidos a esse objetivo.
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Para realizar esse sonho, eu e meu noivo Thomas aproveitamos que estávamos em um intercâmbio no Canadá, em Vancouver, e descobrimos que um pouco mais acima teríamos a grande chance de nossas vidas.
De lá partimos num voo da cia WestJet para Whitehorse, uma cidadezinha no estado de Yukon (que possui pouco de mais 30 mil habitantes em uma área 2x maior do que o estado de São Paulo), muito próxima ao Alasca.
Viajamos com o único intuito de observar a Aurorinha, mas acabamos nos surpreendendo com uma região encantadora, repleta de paisagens de arrancar o fôlego.
A primeira informação que você precisa ter em mente para assistir a aurora boreal no Canadá é que esse fenômeno acontece sempre nos meses mais frios e escuros do ano – entre final de agosto e começo de abril.
A segunda é que, nessa época, a temperatura por lá varia entre -5° e -17°C, com sensação térmica equivalente a “estou perdendo meus dedinhos“, portanto, prepare-se! Utilize roupas apropriadas para tais temperaturas da cabeça aos pés e, caso não possua, os supermercados da cidade oferecem ótimas peças a baixo custo.
Ou seja, para curtir o momento, é preciso estar bem agasalhado, né? As jaquetas térmicas da Columbia são uma indicação para se manter confortável quando for fazer esse passeio. Gorros e luvas também são muito recomendados.
Como não havíamos encontrado muita informação na Internet, reservamos apenas a hospedagem. Ao desembarcar na cidade nos demos conta de que se não alugássemos um carro ficaríamos “presos” no hotel, devido ao frio congelante, ou muito restritos em relação à locomoção, já que o serviço de táxi era bem limitado.
É no centrinho da cidade onde é possível encontrar as várias opções de tour para a observação da famosa Northern Lights, como é chamada a aurora boreal no Canadá. Antes de comprar o tour, nós nos baseamos para escolha dos dias na previsão divulgada pelos sites Accu Weather e Aurora Boreal Lisyukon, mas lembre-se: visualizar a aurora não depende apenas da atividade solar em si, mas de diversos outros fatores.
No primeiro dia estava nevando, sem condições de visualização da aurora boreal no Canadá. Então poupamos nosso bolso do gasto desnecessário. Já para o segundo e terceiro, a previsão era otimista e o céu já estava limpo.
Fechamos então duas tentativas (dois dias) com uma agência para avistar a atividade boreal e pagamos CAD$ 125/dia por pessoa (o equivalente na cotação atual a USD 97/dia). Digo tentativas porque não há garantia de visualização e muito menos devolução do dinheiro, em caso de não vermos nada.
O tour diário incluía transfer do hotel até a cabana na qual passamos mais ou menos 5h durante a noite aguardando a aparição da famosa luz verde (ou se tiver muita sorte, tons de vermelho, roxo e até rosa), diversas opções de bebidas quentes para disfarçar o frio, alguns aperitivos, aquecimento interno e fogueira para quem quiser assar marshmallows.
Para chegarmos até as cabanas, afastamo-nos cerca de 40 min da cidade, justamente para fugir da iluminação e ter melhor visibilidade.
A captura de boas fotografias exige câmeras que possibilitarem configuração manual. Caso não tenha tanta prática, a equipe da agência está mais que acostumada a socorrer a galera, além de disponibilizarem diversos tripés. Fiquem atentos ao equipamento em relação às baixas temperaturas –minha lente simplesmente congelou por ter ficado alguns minutos exposta.
Na primeira tentativa não tivemos muita sorte e não vimos sequer um pontinho de luz verde no céu. Na segunda pudemos observar uma aurora tímida e passageira, mas suficiente para me emocionar. A previsão dizia que no dia seguinte a atividade seria muito forte, mas já era dia de voltar.
A possibilidade de realizarmos nosso sonho por completo nos fez remarcar o voo e apostamos em mais uma tentativa. Xeque-mate! Melhor decisão da vida. Fomos muito sortudos (sorte sim, pois muitos partem sem apreciá-la) e vimos o céu completamente dançante entre vários tons vibrantes de verde por mais de duas horas.
Durante o dia, aproveitávamos para conhecer as belezas dos arredores. A região oferece diversas atividades ao ar livre e a prática de esportes com grande contato com a natureza, como por exemplo: canoagem, trekking, tours de bike, pesca esportiva ou em lagos congelados, passeios de snowmobile ou com trenós puxados por cachorros, sempre respeitando o nível de experiência do visitante. Mas, para quem deseja apenas admirar a paisagem, a região surpreende.
Outro passeio interessante é a degustação na microcervejaria Yukon Brewing. O ticket de apenas CAD$ 5 inclui visita guiada sobre todo o processo de fabricação e ao final os turistas podem degustar mais de 6 cervejas diferentes.
Restam agora as boas lembranças de uma das viagens e experiências mais incríveis de nossas vidas. Que venham outras auroras para todos nós!
Você também sonha em ver a aurora boreal? Comente aqui!
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