Veja aqui alguns passeios alternativos em Paris selecionados especialmente para celebrar os mortos!
O início de Novembro representa feriados religiosos em diversas partes do mundo. Nós no Brasil temos o Dia de Finados, 2 de Novembro, como uma das mais importantes tradições religiosas de origem cristã católica para celebrar os mortos. Normalmente aproveitamos a data para rezar por nossos entes queridos, lembrá-los e homenageá-los, de forma que é normal ver o cemitério movimentado e com mais flores em função da ocasião.
Tendo em vista esse contexto, decidimos apresentar dois passeios alternativos em Paris, que são bem legais de se fazer aqui : o Cemitério Père Lachaise e as Catacumbas.
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Cemitério Père Lachaise
É provavelmente o cemitério mais famoso do mundo, uma vez que é lá que os corpos de diversas celebridades internacionais foram enterrados. Jim Morrison, Edith Piaf, Molière, de la Fontaine, Honoré de Balzac, Chopin, Oscar Wilde e até Allan Kardec são alguns de seus residentes.
Além disso, tem muitas homenagens para os participantes da Resistência, combatentes estrangeiros mortos pela França, representantes políticos, e até o Cristo Redentor eu encontrei!
Situado no 20 arrondissement de Paris e com uma dimensão de 44 hectares, o cemitério leva o nome do Padre para quem o Rei Louis XIV se confessava, o Padre Francisco de Aix de La Chaise. Foi aberto em 1804 após um decreto de Napoleão determinando que todas as pessoas tem o direito de ser enterrada.
Uma das coisas mais interessantes deste sítio é que praticamente todos os estilos de arte fúnebre estão ali: tumbas góticas, mausoléus da antiguidade, traços arquitetônicos da época do Barão Haussmann, etc.
Para visitar o célebre cemitério utilizando o sistema de transporte público é muito simples, existem 3 estações de metrô nas proximidades imediatas do Père Lachaise que te deixam bem próximo de suas diferentes entradas. São elas: Père-Lachaise (linha 2 e 3), Philippe-Auguste (linha 2) e Gambetta (linha 10).
A entrada é livre e gratuita, e seu horário de funcionamento varia de acordo com a época do ano. De novembro à março é de 8h às 17h30 de segunda à sexta, de 8h30 às 17h30 aos sábados e de 9h às 17h30 aos domingos e feriados. Já de meados de março até outubro o horário de fechamento é estendido até as 18h. Também é possível fazer visitas guiadas aos sábados e domingos, veja aqui.
Essa semana ao visitar o cemitério para escrever este post acabei descobrindo que ele abriga os protagonistas de uma história de amor linda e trágica, digna do reconhecimento de Romeu e Julieta ou Tristão e Isolda.
Durante o reinado de Luis VI, Pierre Abelard era um professor de filosofia que aos 36 anos virou também professor de Teologia na Catedral de Notre-Dame em Paris, onde o Cânone Fulbert lhe confiou a educação de sua sobrinha de 17 anos, Heloise. Como já podemos imaginar, ela se encantou pela inteligência e beleza de Abelard, se apaixonaram e decidiram consumir esse amor para além do plano platônico.
Heloise engravidou, eles fugiram para a Bretanha onde ela teve o bebê e o deixou aos cuidados da família de Abelard. Os dois se casaram secretamente ao retornar para Paris, porém o Cânone logo descobriu e, furioso, denunciou o casamento à Igreja. Em função das leis da época Abelard foi acusado de heresia, proibido de continuar sua carreira eclesiástica de professor e, o pior de tudo, punido fisicamente através da castração.
O casal foi separado durante todo o resto de suas vidas, mas continuaram se amando e sofrendo conjuntamente através de cartas. Como nas tragédias, apenas na morte Heloisa e Abelard puderam enfim ficar juntos.
Você pode saber mais sobre esse impressionante cemitério aqui. Eu recomendo que se “estude” um pouco o cemitério porque eu fui despreparada só com base no mapa deles (que fica em cada entrada com uma lista das “atrações” ao lado) e me perdi muito. Demorei quase 40 min pra achar a Edith Piaf porque toda hora pegava alguma ruazinha errada!
Catacumbas de Paris
Por sua vez, são um verdadeiro labirinto no coração subterrâneo da cidade luz! Com uma profundidade de 20 metros, 213 degraus e 2 quilômetros de extensão do percurso, a visita de aproximadamente 45 minutos se dá a uma temperatura média de 14 graus Celsius.
Localizadas nas antigas galerias cujas pedras serviram para a construção da capital, as Catacumbas comportam os restos de milhões de parisienses, transferidos para lá entre o fim do século XVIII e meados do século XIX, uma vez que os cemitérios parisienses da época foram pouco a pouco fechando por insalubridade – por isso houve a necessidade de construir o Père Lachaise, inclusive.
Definitivamente, a visita das Catacumbas é um dos passeios alternativos em Paris mais originais que existem por aqui, já que envolve a história da França e uma certa misticidade, digamos assim, na decoração romântico-macabra do lugar. Imagina entrar num lugar escuro, com corredores repletos de ossos dispostos nas paredes e uma placa “Pare, aqui é o Império da morte”. De arrepiar, não?
Entre os ossos trazidos de igrejas e cemitérios de Paris para as Catacumbas, encontram-se os restos de diversas personalidade da História da França, como o escritor Jean de la Fontaine (que também possui uma tumba no Père Lachaise) e Danton e Rosbespierre, personagens imprescindíveis da Revolução Francesa que foram guilhotinados.
Um outro ponto de interessante na visita é seu aspecto geológico: descobrimos que há mais de 45 milhões de anos Paris e seus arredores eram na verdade um mar tropical, de forma que dezenas de metros de sedimentos se acumularam em seu fundo. Esses sedimentos com o tempo se transformaram em calcário, hoje visível nas Catacumbas.
É bem fácil chegar de transporte público, basta pegar o metrô ou RER até a estação Denfert-Rochereau, as Catacumbas ficam bem ali, na Place Denfert-Rochereau (no endereço 1, avenue du Colonel Henri Rol-Tanguy). Evidentemente, não há acesso para cadeirantes e menores de 14 anos necessitam estar acompanhados de adulto. Abertas de terça à domingo de 10h às 20h30, mas a bilheteria fecha as 19h30.
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